domingo, 14 de julho de 2013

Respostas as opiniões formuladas pelos céticos

D - "Não se pode compreender a coisa nem com base em si mesma nem com base em qualquer outra coisa." Pirro in Hyp I, 178 Alias "É impossível constatar se entre o ideal e o real existe alguma ponte ou 'elo de ligação'"

M - E por que?

Porque nem podemos entrar nas coisas, nem somos capazes de nos transformarmos nelas; alega o cético.

E porque a maior parte delas sequer pode falar e por assim dizer comunicar a outro ser, algum tipo de informação sobre si.

Pode no entanto suceder-se que as coisas, de algum modo, possam sair de si mesmas e comunicarem-se ou manifestarem-se a outros seres...

Caso consideremos a espécie humana em particular não há como negar a existência de uma linguagem comum que possibilita uma troca de experiências. Falamos e pela fala, comunica-mo-nos e pela comunicação compreende-mo-nos... na medida em que manifestamos nossa consciência aos demais e V V.

Mesmo as coisas imateriais manifestam-se de algum modo e dizem algo a respeito de si na medida em que produzem sons, odores, linhas ou cores peculiares ou característicos. E este ato de produzir ou de fornecer dados de natureza sensível é um comunicar-se, um manifestar-se, um revelar-se aquele que recebe tais dados...

É como se o objeto pudesse dizer: possuo esta capacidade, esta cor, esta forma, este sabor, esta textura; e a combinação de tais dados torna-me diferente de todos os outros; logo, identificável.

Existe pois uma ponte ou 'elo de ligação' entre o objeto e o sujeito cognoscente e este elo são as qualidades sensíveis, que dele, por assim dizer, procedem por emanação.

D - Como no entanto saber se as tais qualidades sensíveis informam-nos com exatidão a respeito da realidade externa a nós?

M - Por meio do teste ou da funcionalidade.

D - Penso não ter compreendido bem.

M - Suponhamos que eu tome em minhas mãos um lápis e ter pergunte: o que é isto?

Então você me responde - Não sei e em seguida utiliza-o tendo em vista escrever uma composição...

Você declara não saber para que serve o lápis e no entanto emprega-o como todas as outras pessoas.

A outro aponto para uma bola e faço a mesma pergunta.

Obtendo a seguinte resposta: Para mim pode ser um avião.

Resta-me dizer: passe a demonstração > pilote-o e transporte-se nesta bola a S Paulo ou a Paris.

Então por mais que você insista, grite e bata o pé, negando-se a reconhecer que se trata duma bola não pode 'trata-la' ou proceder com ela como se fosse, de fato, um avião.

D - Eh???

M - Seu ceticismo, seu relativismo, seu idealismo, seu voluntarismo não passam de discursos vazios ou da 'flatu vocis' como diziam os medievos...

Pois não possuem aplicação prática.

D - Compreendo.

M - Por outro lado se na medida em que percebo e compreendo entro em relações concretas com o objeto de minha percepção/compreensão ou interajo com ele, prevendo com exatidão outros estados a serem assumidos por ele ou mesmo atuando sobre ele e transformando-o, evidencio que meu conhecimento a respeito dele é real.

Como poderia eu interferir na condição do objeto ou modificar sua estrutura sem que meu conhecimento a respeito dele corresponde-se a algo que, de fato, acha correspondência nele.

Como o homem seria capaz de quebrar ou partir um átomo e de produzir energia caso meu conhecimento a respeito do átomo pertencesse apenas a esfera do ideal ou do imaginável???

Assim na medida em que o conhecimento científico altera a estrutura dos seres e objetos que nos cercam constatamos corresponder ele aos seres ou objetos em questão, i é, constatamos a objetividade de nossos conhecimentos.


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